27 de nov. de 2012



Tá chovendo no meu quarto e, você sabe, às vezes eu fico um bocado menininha nesses dias de chuva. Te arranhei um recado pouco antes, desenhei umas palavras bem bobas só pra dizer o quanto te quero, te admiro, te quero bem. Tem vezes que enjoo um pouco da nossa rotina, outras que a gente se estapeia, nos damos bem. A gente se conhece no íntimo, a gente se reconhece nos suspiros, na troca de olhares, na mensagem de texto. Nós nos entendemos num ponto, numa vírgula, num telefonema que falta no meio da tarde, num bom dia amassado em voz de sono, num abraço de fica-aqui-só-mais-um-pouquinho. Eu estou feliz, sabe garoto? Tem quem diga que felicidade muita, tem mais é que ser guardada a sete chaves, escondida do mundo e da inveja. Mas acho que nós, depois de tanto, já estamos vacinados contra os olhares dos outros, contra o mal-querer das pessoas que só sabem é desdenhar a felicidade alheia porque não sabem como bordar alegria às suas rotinas. Tiramos de letra, meu caro. Depois de muito apanhar, aprendemos a driblar a infelicidade, a mesmice. Aprendemos a colorir os dias cinzas, a amanhecer cantando e dançando, a permitir a preguiça debaixo dos lençóis, a repetir o mesmo cardápio todo dia, nem assim, cair na rotina. O fato é que tá chovendo manso no meu quarto e eu te desenhei umas palavras bobas porque a felicidade – tal como a tristeza – quando é demais também precisa transbordar. E eu transbordo entre sorrisos, e eu te aninho em pensamento, te mimo, te guardo, te quero bem. Te quero muito bem. Nos quero sempre bem.

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